quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Até valia uma caixa de cebolas



Até valia uma caixa de cebolas

por Luciana Shiroma Montali
 
Quando na vila ela vinha
e eu via a vida que levava
quando eu cantava e ninguém ouvia
ou bradava e ninguém tolhia,
aí sim, valia uma caixa de cebolas
não era o canto do povo
era o canto de um sonhador
o canto de um bravo moço bom
aquele bom moço bravo que mora
em todo homem

isso sim, valia uma caixa de cebolas
isso sim, valia um sonho de um sonhador
isso valia a feira, valia a peia, valia vida
vida vivida de sangue e suor
ternura de um amor sem fim e sem futuro

e a feira corria junto com a vida
e as cebolas, caídas no chão,
roubavam lágrimas não sofridas mas vividas
no mar da desilusão

e canto pra cima e moça pra baixo
e moça pra cima num canto embaixo
e meu olhar que descia, meu suspiro crescia
minha ilusão

a moça sonhou comigo e eu guardei seu coração
porque a vida vivida é mais doce que sonho
e não é ilusão
a vida vivida vale a caixa de cebolas
mas torna lágrimas ao chão


  


  Nota sobre as caixas de cebola:
   Sabe aquelas expressões que se criam nas rodinhas dos amigos? 
    Aquelas que vêm das fofoquinhas gostosas do dia-a-dia? 
    Pois é, foi assim que surgiu a expressão "você não vale uma caixa de cebolas". Foi minha melhor amiga que a criou num ato ingênuo quando discutia com um ex-namorado e, anos depois, me deparei conversando sobre isso com meu namorado e descobri que ela se consagrou entre os amigos dele e que por isso todos citavam as palavras da minha amiga. Foi muito engraçado!
    Foi por sorte do destino que se desenvolveu a cotação dos valores das coisas e pessoas por "caixas de cebola"...

 



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